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Dicas

MANUAL DE EXAMES - PATOLOGIA CLÍNICA (Parte 03)

Cálculo renal, análise física e química

Comentários

A identificação dos constituintes do cálculo renal é de grande importância para orientar a conduta médica uma vez que 80% dos pacientes apresentam quadros recorrentes de litíase urinária. Na presença dos cálculos de oxalato de cálcio a propedêutica deve ser complementada com a dosagem do cálcio sérico, urinário e dosagem do PTH sérico. Os cálculos de ácido úrico decorrem de hiperuricemia ou hiperuricosúria, os de estruvita (fosfato amoníaco magnesiano) são os chamados “cálculo de infecção”, estando associados a infecções por germes desdobradores da uréia (Proteus, Pseudomonas e Klebsiella). Os cálculos de cistina são raros e decorrentes de uma rara condição autossômica recessiva, a cistinúria.

Veja também Teste de PAK e Nefrolitíase.

Método

Análise físico-química

Valor de referência

É liberado laudo com as características físicas e químicas do cálculo.

Condição

Enviar cálculo em frasco de vidro limpo e seco.

Conservação para envio

Até 7 dias em temperatura ambiente.

Calymatobacterium granulomatis, pesquisa - Donovanose

Comentário

A donovanose ou granuloma venéreo é uma doença causada pelo Calymmatobacterium granulomatis que cursa com lesões granulomatosas genitais. O C. granulomatis é um Gram-negativo que se cora com maior intensidade no centro, sendo encontrado em maior quantidade dentro do macrófago, sob a forma de pequenos corpos ovais denominados de corpúsculos de Donovan. Sua pesquisa é útil no diagnóstico diferencial de outras lesões anogenitais como condiloma acuminado, cancro mole, sífilis e carcinoma espinocelular.

Método

Giemsa.

Condição

Esfregaço da lesão ou biópsia de borda da lesão. Preferencialmente, não estar em uso de antimicrobiano.

Raspar profundamente a borda da lesão, preferencialmente em áreas de granulação ativa, evitando locais em que possa haver infecção secundária.

Conservação para envio

Até 14 dias em esfregaço fixado e protegido.

Campylobacter, cultura

Comentário

Os membros do gênero Campylobacter são bastonetes curvos Gram-negativos. O isolamento e identificação dos Campylobacter spp. são úteis no diagnóstico dos quadros de enterocolite aguda. A maioria das infecções por estas bactérias é adquirida pela ingestão de leite cru, derivados de aves domésticas e água contaminada. Sua infecção manifesta-se com diarréia, febre e dor abdominal. São agentes freqüentes de diarréia infecciosa adquirida na comunidade.

Método

Semeadura em meio específico.

Condição

Fezes recentes in natura e em meio de transporte (Cary-Blair).

Colocar de 1 a 2 gramas, preferencialmente com muco, pus ou sangue no meio de Cary-Blair. Preferencialmente, não estar em uso de antimicrobiano.

Conservação para envio

Até 2 horas in natura, em temperatura ambiente. Até 48 horas em meio Cary-Blair, entre 2o e 8oC.

 

 

 

Carboidratos, cromatografia na urina

FRUTOSÚRIA - GALACTOSÚRIA - GLICOSÚRIA - LACTOSÚRIA - MALTOSÚRIA - XILOSÚRIA

Comentários

Normalmente a urina não apresenta açúcares em quantidades detectáveis. A cromatografia é útil para identificar o tipo de carboidrato presente na urina: xilose, frutose, glicose, galactose, maltose e lactose. A presença de um destes açúcares na urina pode refletir o consumo dietético de carboidrato, mas pode também ser indicativa de uma desordem do metabolismo do carboidrato.

Veja também Triagem urinária mínima dos erros inatos do metabolismo.

Método

Cromatografia em camada delgada de celulose

Valor de referência

Ausente

Condição

-Urina recente (jato médio da 1a urina da manhã).

-Armazenar em frasco limpo, próprio para a coleta de urina.

Conservação para envio

Até 2 dias entre 2o e 8oC ou congelada.

Cardiolipina, auto-anticorpos IgG, IgM, IgA

Comentários

Teste utilizado no diagnóstico da síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF). Esta pode ocorrer de forma isolada ou associada a outras doenças auto-imunes (LES em 15% dos casos). Anticorpos antifosfolípides estão associados a manifestações clínicas vasoclusivas, que incluem tromboembolismo venoso, oclusão arterial, livedo reticular, manifestações obstétricas como aborto e perda fetal, além de manifestações hematológicas como trombocitopenia. O diagnóstico é realizado quando uma ou mais manifestações clínicas (trombose vascular e/ou morbidade gestacional) são encontradas e pelo menos um dos critérios laboratoriais é encontrado. Na pesquisa laboratorial para anticorpos anti-fosfolípides é recomendado a realização de ensaios para pesquisa de anticoagulante lúpico, anticorpos anti-cardiolipina e anticorpos antib2-glicoproteína 1, pois podem estar presentes de forma isolada. O quadro 1 cita os critérios laboratoriais para o diagnóstico da síndrome anticorpo anti-fosfolípides:

Quadro 1. Critérios laboratoriais para o diagnóstico da síndrome anti-fosfolípides

1)A presença de anticorpos anti-cardiolipina IgG e ou IgM em soro ou plasma, com títulos médios ou altos, em duas ou mais ocasiões com intervalo de pelo menos doze semanas de diferença, mensurados pelo um método ELISA padronizado

2)Anticoagulante lúpico presente em plasma, em duas ou mais ocasiões com pelo menos doze semanas de diferença detectados de acordo com o Comitê Internacional Científico e de Padronização de Homeostase e Trombose.

3)Anticorpos antib2-glicoproteína 1 em soro ou plasma , em títulos > percentil 99th, em duas ou mais ocasiões com pelo menos doze semanas de diferença, mensurados por um método ELISA padronizado

Nota: É necessária a presença de pelo menos um dos critérios acima

Anticorpos contra fosfolípides podem ser identificados de três formas: 1) reação falso-positiva para sífilis através de VDRL reagente; 2) ensaio para anticoagulante lúpico; 3) ensaio para anticorpos antib2-glicoproteína 1; 4) dosagem de anticorpos anti-cardiolipina por ELISA. Anticorpos anti-cardiolipina IgG estão presentes em níveis moderados a elevados (maior que 40 GPL) e são mais específicos que os IgM para síndrome do AFL. Entretanto, alguns casos apresentam anticorpos apenas IgM ou, mais raramente, IgA. Podem estar presentes em outras doenças como: artrite reumatóide, doenças infecciosas (sífilis, tuberculose, hanseníase, endocardite infecciosa, infecção pelo HIV e infecções virais agudas) e em indivíduos utilizando clorpromazina. Nesses casos encontra-se, em geral títulos baixos e do isotipo IgM, não se observando fenômenos trombóticos. É importante lembrar que testes negativos não afastam completamente a presença de anticorpos antifosfolípides. Na vigência de uma trombose aguda, os títulos destes anticorpos podem declinar transitoriamente a níveis normais.

Veja também Anticoagulante lúpico.

Método

Imunoensaio enzimático

Valor de referência

IgG inferior a 10GPL: negativo de 10 a 19GPL: indeterminado

de 20 a 80GPL: moderada reatividade maior que 80GPL: forte reatividade

IgM inferior a 10MPL: negativo de 10 a 19GPL: indeterminado

de 20 a 80GPL: moderada reatividade maior que 80GPL: forte reatividade

IgA negativo: menor ou igual a 10APL indeterminado: 10 a 15APL

positivo: superior a 15APL

Condição

-0,2mL de soro para cada.

-J.O. 8h.

Conservação para envio

Até 7 dias entre 2o e 8oC.

Caxumba, anticorpos IgM e IgG

Comentários

A caxumba é causada por um paramyxovirus. A sorologia permite avaliar a resposta à infecção natural ou à imunização. A presença de anticorpos da classe IgM indica infecção recente, podendo ser detectados nos primeiros dias e mantendo-se por 1 a 3 meses. Em quadros crônicos, pós-vacinais ou de transferência de imunidade (filhos de mães imunes ou uso de gamaglobulina hiperimune), anticorpos IgM estão ausentes. Os anticorpos da classe IgG surgem logo após a IgM e mantêm-se em níveis protetores de forma duradoura. Os recém-nascidos de mães imunizadas, naturalmente ou por vacinação, apresentam níveis protetores de IgG até cerca de 6 meses de idade.

Método

Imunoensaio enzimático

Valor de referência

= 0,90

negativo

0,91 a 1,09

indeterminado

= 1,10

reagente

Condição

 

-0,5mL de soro.

-J.O. 8h.

Conservação para envio

Entre 0o e - 10oC.

 

 

CCP, anti

Comentários

Teste útil no diagnóstico e prognóstico da artrite reumatóide (AR). A citrulina é um aminoácido não usual resultante da modificação pós-translacional de resíduos de arginina pela enzima peptidil-arginina deaminase (PAD). Anticorpos dirigidos contra peptídios ou proteínas citrulinadas (anti-CCP) são encontrados principalmente em pacientes com AR. Raramente podem ser encontrados em pacientes com lupus eritematoso sistêmico (9%), artrite psoriásica (8%) e na população normal (0,4%), geralmente em valores baixos. Este teste apresenta sensibilidade para AR similar à do fator reumatóide, porém com especificidade superior (95-98%). Nos pacientes com artrite de início recente, é importante ferramenta para predizer evolução para AR, e marcador de evolução mais agressiva. A determinação conjunta com o fator reumatóide determina especificidade próxima a 100% para o diagnóstico da AR.

Método

Imunoensaio enzimático

Valor de referência

Negativo

< 20U

Condição

 

0,5mL de soro.

Conservação para envio

Até 3 dias entre 2o e 8oC.

CD2 e CD19, subtipagem de linfócitos

Comentários

A análise das células marcadas com anticorpos monoclonais através da citometria de fluxo possibilita a quantificação do número e percentual de células positivas para um determinado anticorpo. Quase todas as células T periféricas e teciduais e a maioria das células NK expressam o antígeno CD2. Um pequeno percentual de linfócitos T, que são CD3 positivos, são CD2 negativos. O antígeno CD19 está expresso em mais de 95% dos linfócitos B periféricos e dos tecidos linfóides. A subtipagem de linfócitos é útil na avaliação das imunodeficiências congênitas, no diagnóstico e classificação de leucemias e linfomas.

Método

Citometria de fluxo

Valor de referência

Faixa etária

 

CD2

 

 

CD19

0- 6 meses

55 - 88%

3929 - 5775 mm3

11

- 45%

432 - 3345 mm3

6-12 meses

55 - 88%

3806 - 4881 mm3

11

- 45%

432 - 3345 mm3

12-18 meses

55 - 88%

3516 - 3868 mm3

11

- 45%

432 - 3345 mm3

18-24 meses

55 - 88%

3101 - 3868 mm3

11

- 45%

432 - 3345 mm3

24-30 meses

55 - 88%

2649 - 3639 mm3

11

- 45%

432 - 3345 mm3

30-36 meses

55 - 88%

2236 -3463 mm3

11

- 45%

432 - 3345 mm3

> 3 anos

65 - 84%

1230 - 4074 mm3

9

- 29%

200 - 1259 mm3

Adultos

61 - 89%

1035 - 3560 mm3

6

- 17%

90 - 680 mm3

Hospital Pediátrico de Riley - Centro Médico da Univ. Indiana 1992.

Condição

8,0mL de sangue total (EDTA/heparina/ACD).

 

Enviar sangue total em EDTA (se transporte em menos de 24h) ou heparina/ACD (para processar a amostra em até 48 horas). Transportar em temperatura ambiente. Não enviar em gelo. Enviar cópia do hemograma na solicitação deste exame.

 

 

 

CD4, CD8 e CD3, subtipagem de Linfócitos

Comentários

O CD4 está expresso em 55% a 65% dos linfócitos T periféricos, especialmente no subtipo auxiliar (helper). O CD8 está expresso em 25% a 35% das células T periféricas, especialmente no subtipo supressor/citotóxico. A contagem de CD4, juntamente com a avaliação clínica e a medida da carga viral plasmática são parâmetros a serem considerados na decisão de iniciar ou modificar a terapia anti-retroviral na SIDA. Quando utilizamos o CD4 e a carga viral para decisões de início ou mudança de terapia devemos considerá-los, idealmente, em duas ocasiões. Consideram-se significativas as reduções de CD4 maiores que 30% (valores absolutos) em relação a sua determinação prévia. Discordância entre os resultados da carga viral e do CD4 pode ocorrer em até 20% dos pacientes. Fatores influenciam a contagem do CD4: variações analíticas, sazonais, diurnas (mais baixo às 12h e picos às 20h), doenças intercorrentes (modestas diminuições em infecções agudas e cirurgias) e corticóides (podem diminuir de forma expressiva sua contagem). Esplenectomia e co-infecção pelo HTLV-1 podem causar valores altos de CD4 apesar da supressão imune. Diminuição de CD4 também pode ser encontrada em outras situações que não a SIDA: tuberculose, hepatite B, citomegalovirose, toxoplasmose, criptococose e síndrome de linfocitopenia CD4 Idiopática. A contagem de CD8 não prediz a evolução dos pacientes com SIDA. O CD3 é o antígeno restrito da linhagem de células pan-T, sendo útil para marcar células T normais ou neoplásicas.

Método

Citometria de fluxo

Valor de referência

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Faixa Etária

 

 

CD3

 

CD4

 

 

CD8

 

%

mm3

%

 

mm3

%

 

mm3

0 a 6 m

55 a 82

 

3500 a 5000

50-57

 

2800 a 3900

8 a 31

 

350 a 2500

6 a 12 m

55 a 82

 

3400 a 4600

49-55

 

2600 a 3500

8 a 31

 

350 a 2500

12 a 18 m

55 a 82

 

3200 a 3900

46-51

 

2300 a 2900

8 a 31

 

350 a 2500

18 a 24 m

55 a 82

 

2800 a 3500

42-48

 

1900 a 2500

8 a 31

 

350 a 2500

24 a 30 m

55 a 82

 

2300 a 3300

38-46

 

1500 a 2200

8 a 31

 

350 a 2500

30 a 36 m

55 a 82

 

1900 a 3100

33-44

 

1200 a 2000

8 a 31

 

350 a 2500

> 3 anos

55 a 82

 

1000 a 3900

27-57

 

 

560 a 2700

14 a 34

 

330 a 1400

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Relação CD4/CD8

 

0 a 36 meses

 

1,17 a 6,22

 

 

 

 

 

 

 

 

 

> 3 anos

 

 

 

0,98 a 3,24

 

 

 

Condição

8,0mL de sangue total (EDTA/heparina/ACD).

 

-Enviar sangue total em EDTA (se transporte em menos de 24h) ou heparina/ACD (para processar a amostra em até 48h). Transportar em temperatura ambiente. Não enviar no gelo. Enviar cópia do hemograma na solicitação deste exame.

-Não enviar em Pipetex.

-Informar data e hora da coleta.

até 3,4ng/mL até 4,3ng/mL

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